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miércoles, 18 de enero de 2017

Richard Cantillon (168?-1734) e o início da economia moderna

Richard Cantillon (168?-1734) e o início da economia moderna
1. INTRODUÇÃO
Este artigo tratará de um verdadeiro gigante, um economista pouco estudado nos cursos de História do Pensamento Econômico, mas para muitos considerado não apenas um importante protoaustríaco, mas o verdadeiro fundador da Ciência Econômica, honraria quase sempre associada ao nome (não menor) de Adam Smith.
Foi o primeiro a publicar um tratado em que apresentava a economia em bases organizadas e científicas, o Essai sur la nature du commerce en général, escrito por volta de 1730 e publicado em França em 1755 e, portanto, cerca de 46 anos antes de Riqueza das Nações, de 1776.
O economista brasileiro Domingos Crosseti Branda, em artigo publicado em 24 de março de 2011, sob o título O pai fundador da economia modernaescreve:
A sistemática de exposição [metodológica] de ideias e seu enfoque emancipado da política e da ética demarcaram um campo independente de investigação — a economia —, o que caracterizava Cantillon como um tipo de pensador diferente dos escolásticos medievais. Centrava sua análise econômica na ação humana e a abstraia de outras dimensões, procedimento que Mises caracterizaria mais tarde como "método Gedanken", assim podendo analisar as relações de causa e efeito existentes na vida econômica. Desse modo ele desenvolveu sucessivas aproximações e abstrações e explicar questões fundamentais da teoria econômica, como a do valor e preço, a da atividade empresarial, a da moeda e a da auto-regulação do mercado, entre outras questões.
O Professor Mark Thornton inicia o capítulo 2 do livro "The Great Austrian Economists", editado por Randall G. Holcombe (Ludwig von Mises Institute, 1999, iBooks), com a seguinte consideração;
Muitas das percepções austríacas foram estabelecidas na economia pelo banqueiro irlandês Richard Cantillon (168? — 1734) e sua publicação solitária, Essai sur la Nature du Commerce en Général. Parece claro que Cantillon foi uma importante influência sobre o desenvolvimento da economia austríaca, e que ele pode ser considerado um membro da Escola Austríaca. Carl Menger tinha uma cópia do Essai em sua biblioteca antes da publicação dos Princípios de Economia Política. 
Na verdade, as origens da própria teoria econômica podem ser atribuídas a Cantillon . William Stanley Jevons, um dos co-fundadores da revolução marginalista, e o economista que geralmente é creditado como o redescobridor de Cantillon, classificou o Essai como "um tratado sistemático e conectado, cobrindo, de uma forma concisa, quase todo o campo da economia. . . . É, portanto, o primeiro tratado sobre a economia". Ele chamou o trabalho de "berço da Economia Política". Joseph Schumpeter, o grande historiador do pensamento econômico e estudante de Eugen von Böhm-Bawerk, descreveu o Essai como "a primeira penetração sistemática do campo da economia", e Murray N. Rothbard, em seu tratado sobre a história do pensamento econômico, chama Cantillon de "o pai fundador da economia moderna" e chega a tratar deselegantemente Adam Smith como um "plagiador" de Cantillon.
E o Professor Thornton prossegue lembrando que o episódio de maior relevância na vida de Cantillon foi o seu envolvimento com John Law (1671—1729) e seus famosos esquemas monetários. Cantillon se opunha às teorias inflacionistas de Law, mas entendia como os esquemas funcionavam no mundo real e quais as suas falhas. Assim, ele foi capaz de criar uma grande fortuna a partir do Sistema de Mississippi e da famosa bolha de South Sea.
Durante o pesadelo e no rescaldo daqueles desastres financeiros, Cantillon escreveu seu famoso Essai, emancipando-se do pesadelo mercantilista predominante naqueles dias para fazer uma contribuição pioneira para o nosso conhecimento do método, teoria e política. Pouco depois de escrever o Essai, Cantillon foi assassinado em condições misteriosas e seu Essai permaneceu completamente desconhecido por mais de duas décadas.
É interessante notarmos que seu livro influenciou o desenvolvimento tanto dos fisiocratas quanto dos economistas clássicos, a ponto de ser um dos poucos autores mencionados por Adam Smith na Riqueza das Nações. No entanto, o escocês, que ficou com os louros de fundador da Ciência Econômica, teria deturpado as ideias de Cantillon, o que fez que este ficasse quase que esquecido durante o apogeu da economia clássica. O resgate da importância de sua obra deve-se aos franceses Turgot e Say, dois importantes precursores da moderna Escola Austríaca, bem como a John Stuart Mill, este já no apagar das luzes do século XIX.
Graças a Mill, quando da chamada Revolução Marginalista, ocorreu uma redescoberta de Cantillon e de muitas de suas proposições. Como escreveu Rothbard no capítulo 12 de seu tratado Economic Thought Before Adam Smith [páginas 343-62], "o filósofo escocês e 'cobrador de impostos' Adam Smith não deve ser considerado o pai da economia, pois esse título deve pertencer ao empresário irlandês e economista austríaco Richard Cantillon".
Controvérsias à parte,é indiscutível que Cantillon foi um economista e homem de negócios brilhante, que antecipou em dois séculos muitos insights austríacos, bem como algumas proposições de Milton Friedman, da Escola de Chicago, especialmente no que diz respeito aos efeitos diferentes que variações na oferta monetária provocam na economia no curto e no longo prazo.
2. BIOGRAFIA
Não há muitos pormenores sobre a vida de Richard Cantillon, mas sabe-se que ele nasceu durante a década de 1680, no Condado de Kerry, na Irlanda, filho de um proprietário de terras. Na primeira década do século XVIII, mudou-se para a França e obteve cidadania francesa. Em 1711, servindo ao governo da Espanha, organizou pagamentos para os prisioneiros de guerra britânicos durante a Guerra de Secessão Espanhola. Permanecendo na Espanha até 1714, estabeleceu um grande número de conexões empresariais e políticas, antes de retornar a Paris, onde passou a se envolver com a indústria bancária, trabalhando para um primo, que na época era um correspondente do ramo parisiense de um banco familiar.
Dois anos mais tarde, graças ao apoio financeiro de James Brydges, comprou a parte de seu primo e obteve a propriedade do banco. Dadas as conexões financeiras e políticas que foi capaz de obter através de sua família e de James Brydges, e principalmente a seus talentos, revelou-se um banqueiro de sucesso, especializando-se em transferências de dinheiro entre Paris e Londres.
Cantillon associou-se então com o mercantilista escocês John Law (1671-1729) que, com base na teoria monetária de William Potter em seu tratado de 1650, The Key of Wealth — no qual o economista inglês refutou a validade das teorias metalistas, propondo usar como moeda títulos de dívida emitidos por uma empresa de comerciantes e garantidos por imóveis — afirmou que os aumentos da oferta de moeda levariam ao emprego de terra e trabalho não utilizados, elevando a produtividade.
Em 1716, o governo francês deu-lhe permissão para fundar o Banque Générale e um monopólio virtual sobre o direito de desenvolver territórios franceses na América do Norte, criando-se então a Mississippi Company, com a promessa de Law de que financiaria a dívida do governo francês a baixas taxas de juros. Law criou, então, uma bolha financeira especulativa ao vender ações da Mississippi Company, usando o monopólio virtual do Banque Générale para emitir notas bancárias para financiar seus investidores.
Richard Cantillon acumulou uma grande fortuna a partir de sua especulação, comprando a preços baixíssimos as ações da Mississippi Company no início e as vendendo a preços bem maiores posteriormente. O sucesso financeiro e a influência crescente de Cantillon causaram atrito em seu relacionamento com John Law e algum tempo depois Law teria ameaçado prender Cantillon se ele não deixasse a França dentro de vinte e quatro horas. Cantillon respondeu: "Eu não vou embora, mas vou fazer seu sistema ter sucesso". Ao final, em 1718, Law, Cantillon e o rico especulador Joseph Gage fundaram uma companhia privada para financiar a especulação de imóveis da América do Norte.
Em 1719, Cantillon deixou Paris e foi para Amesterdam, retornando brevemente no começo de 1720. Realizando empréstimos em Paris, Cantillon tinha dívidas sendo quitadas em Londres e Amsterdam. Com o colapso da "bolha de Mississippi", Cantillon foi capaz de exigir altas taxas de juros. A maior parte de seus devedores tinham sofrido prejuízos financeiros no colapso da bolha e culpavam Cantillon, que se envolveu em inúmeros processos movidos por seus devedores, provocando  um grande número de planos de assassinatos e acusações criminais.
Em 16 de fevereiro de 1722, Cantillon casou-se com Mary Mahony, filha do Conde Daniel O'Mahony — um rico mercador e ex-general irlandês — passando grande parte do restante da década de 1720 viajando pela Europa com sua esposa. Embora ele frequentemente retornasse a Paris entre 1729 e 1733, sua residência permanente era em Londres. Em maio de 1734, sua casa em Londres sofreu um incêndio devastador, e presume-se que Cantillon tenha morrido no fogo. Apesar das causas do incêndio serem desconhecidas, a teoria mais aceita é a de que Cantillon foi assassinado.
Uma outra hipótese levantada por alguns historiadores é que Cantillon teria forjado sua própria morte para escapar do assédio de seus devedores, ressurgindo posteriormente no Suriname com o nome de Chevalier de Louvigny. Como vemos, uma biografia rica e cheia de peripécias e emoções fortes, entre as quais a de que, em certa ocasião, Cantillon teria feito uma oferta para comprar a Polônia, que foi rejeitada.
3. A TEORIA ECONÔMICA DE CANTILLON 
Em outro artigo, Cantillon on the cause of business cycle, o mesmo Thornton enfatiza que Cantillon foi o primeiro economista a examinar com sucesso a natureza cíclica da economia capitalista. Vivendo em um tempo (início do século XVIII) em que as instituições da economia capitalista moderna foram estabelecidas e os primeiros grandes ciclos de negócios ocorreram, ele foi o primeiro a identificar suas causas e seus efeitos com singular originalidade. Em contraste com os mercantilistas, Cantillon era um observador astuto que desenvolveu uma compreensão econômica clara sobre moeda, bancos, comércio internacional e mercados de ações, mercados em que arriscou seu capital e fez sua fortuna.
Cantillon foi o primeiro a modelar a economia como um todo interligado e a desenvolver o que hoje conhecemos como o modelo do "fluxo circular da riqueza", assim como o mecanismo de preços que regem os fluxos  internacionais de moeda. Ele percebeu que os mercados eram regulados pelos movimentos de preços com base na oferta e demanda e identificou tendências equilibradoras mediante as trocas voluntárias nos mercados.
Observemos que o gráfico do "fluxo secular da riqueza" de Cantillon, a seguir mostrado, é bem mais rico em pormenores e em realismo do que o apresentado comumente nos livros-texto de Economia.
fluxo circular.jpg
De fato, o Essai apresenta uma metodologia causal distintiva, separando Cantillon de seus antecessores mercantilistas e é uma obra em que a palavra "natural" é constantemente usada, tentando implicar uma relação de causa e efeito entre as ações econômicas e os fenômenos reais.
Murray Rothbard credita Cantillon como sendo um dos primeiros teóricos a isolar o fenômeno econômico com modelos simples, onde outras variáveis incontroláveis podem ser fixadas. Jörg Guido Hülsmann compara alguns dos modelos apresentados no Essai, que trabalha com a hipótese de um equilíbrio constante, ao conceito de Ludwig von Mises de "economia uniformemente circular" ("evenly rotating economy").
Cantillon faz uso frequente do conceito de coeteris paribus no Essai, em uma tentativa de neutralizar variáveis independentes, na linha seguida quase duzentos anos depois por Alfred Marshall.  Além disso, ele é creditado pelo emprego de uma metodologia semelhante ao individualismo metodológico de Carl Menger, ao deduzir fenômenos bastante complexos a partir de simples observações individuais.
Cantillon enxergava a economia como um sistema organizado de mercados interligados que operam no sentido de chegar a um equilíbrio. As instituições deste sistema organizado evoluiriam ao longo do tempo em resposta às necessidades, que por sua vez ligam todos os habitantes de uma sociedade em "uma rede de reciprocidade".  O sistema é mantido em ajuste pelo livre jogo dos auto-interesses, e a economia funciona mediante a ação de uma classe de empresários que realizam todas as trocas e a circulação do estado.
Cantillon tinha convicção de que um sistema de mercado funciona melhor sem a interferência do governo. Os empresários, assim como outros participantes do mercado, estão vinculados em reciprocidade, uma vez que na realidade são consumidores e clientes um em relação ao outro.  Seu número é, portanto, regulado pelo número de clientes, ou a demanda total e suas decisões são tomadas em condições de incerteza sobre o futuro.
Atividade empresarial
A segunda metade da primeira parte do Essai é onde Cantillon torna-se o primeiro economista a desenvolver as idéias austríacas sobre o empreendedor e seu papel na economia. O empreendedor para ele é o tomador dos riscos causados pelas mudanças na demanda do mercado. Este é um reflexo direto do próprio início da carreira de Cantillon como assistente de tesoureiro durante a Guerra da Sucessão Espanhola. Lá, ele aprendeu e se destacou no papel de contador e negociador de contratos, e aprendeu o básico do sistema bancário e financeiro internacional.
Na segunda parte do Essai, Cantillon expôs sua análise austríaca pioneira da economia monetária, expondo o grande erro do mercantilismo — a falsa ideia de que o dinheiro é riqueza. 

Na parte três, Cantillon aborda as questões de comércio exterior e taxas de câmbio, bem como o papel dos bancos. Nesta parte, Cantillon faz algumas de suas mais importantes contribuições para a compreensão da economia. Esta seção é uma crítica das políticas mercantilistas e das inovações financeiras de John Law nas bolhas do Sistema de Mississippi e da South Sea. Isto é um reflexo do terceiro período na carreira de Cantillon, durante o qual ele fez fortuna através da compreensão do sistema financeiro e suas consequências inevitáveis.
De 1721 até sua morte em 1734, Cantillon, como vimos, foi envolvido em disputas legais. Ele estava envolvido com diversos processos envolvendo seus negócios bancários e a South Sea Bubble. Foi também acusado de tentativa de homicídio e preso duas vezes, embora por pouco tempo. É importante atentarmos para o fato de que o Essai foi escrito neste momento e há indícios para suspeitar que Cantillon tenha desenvolvido sua teoria econômica como parte de sua defesa legal contra as acusações de usura.
O papel do empresário é uma das grandes contribuições de Cantillon à teoria econômica. Ele fala do empresário, no sentido clássico do agente de grandes aventureiros de negócios, mas também faz uma distinção teórica entre aqueles que trabalham para um retorno fixo ou salário e aqueles que enfrentam os retornos incertos, incluindo os agricultores independentes, artesãos, comerciantes e fabricantes. Esses empresários compram insumos a um determinado preço para produzir e vender mais tarde a um preço incerto. Em busca do lucro, o empresário deve suportar os riscos que ele enfrenta com a incerteza generalizada do mercado.
Sobre as origens da teoria econômica
Cantillon envolveu-se de corpo e alma nos acontecimentos cruciais de sua época e conheceu muitos grandes intelectuais, incluindo vários escritores mercantilistas importantes. Por essa razão, não escapou completamente da mentalidade mercantilista então em moda, mas é realmente incrível como ele claramente rompeu com esse passado por conta própria, para produzir o primeiro trabalho coerente e abrangente de teoria econômica.
As contribuições de Cantillon ao método da economia, enquanto não apreciadas em seu tempo e em grande parte esquecidas, são verdadeiramente notáveis quando colocadas no contexto histórico. O que impressionou economistas importantes, como Jevons, Schumpeter, Hayek e Rothbard foi a abordagem científica de Cantillon e a teorização lógico-dedutiva, tão característica da Escola Austríaca e da revolução marginal. Ao longo do Essai, Cantillon está permanentemente preocupado com o fornecimento de explicações científicas para os fenômenos econômicos. Suas investigações mostram sempre preocupação com o estabelecimento de causas e efeitos. Cantillon, como já escrevemos, muitas vezes expressa a relação causal com o termo "natural", que ele usou trinta vezes no Essai e que foi utilizada com o mesmo significado por Knut Wicksell no século XX.
Outra característica marcante de sua análise austríaca é a sua intenção de limitar-se à economia positiva de cada tema, um atributo que Hayek considerou especialmente notável para um economista de sua época.
Cantillon também emprega o método de abstração ou construção imaginária para teorizar sobre a economia. Ele usa a cláusula coeteris paribus, por exemplo, quando se discute a produtividade do trabalho: "Quanto mais trabalho é gasto nela (terra), outras coisas sendo iguais, mais ela produz"
Ele usa a ferramenta teórica do país pequeno e isolado, como os teóricos modernos da Economia Internacional fazem para eliminar fatores complicadores, tais como distúrbios monetários e comércio internacional. Mais importante, ele usou esta construção ou modelo para deduzir o ponto central austríaco de que a produção depende da demanda, neste caso, a demanda do proprietário da grande propriedade. Além disso, como o proprietário contrata a produção de suas terras aos agricultores, ele "cria" empresários e uma economia se desenvolve com a troca, os preços, o dinheiro e a competição.
Cantillon tem uma compreensão sofisticada do sistema de preços e sua análise contém a maioria dos elementos da análise austríaca moderna. O preço é determinado pela demanda e escassez relativa. A demanda é um conceito subjetivo com base nos "humores" e "fantasias" do povo. É o "consentimento do povo", juntamente com a relativa escassez de um produto, o que determina o preço de mercado, entendendo-se por preço de mercado o preço pago ao vendedor. Do mesmo modo, o valor dos metais no mercado "varia de acordo com a sua escassez ou abundância ou de acordo com a demanda."
Cantillon faz uma distinção importante entre 'preço' e 'preço de mercado' e entre 'valor' e 'valor de mercado', que tem servido como fonte de confusão sobre o significado de sua economia.  Preço de mercado e valor de mercado são os preços reais que ocorrem no mercado com base em forças de oferta e demanda. Preço e valor são conceitos distintos e separados de preços de mercado. Eles estão relacionados com o que ele chamou de "valor intrínseco", e são usados para descrever o custo de oportunidade dos recursos utilizados para produzir o bem particular em questão, a terra e o trabalho específico que foram sacrificados para produzir o bem.
Custos de oportunidade
Como observou Hayek, [Richard Cantillon, Journal of Libertarian Studies 7, n 2, outono de 1985, p. 263], o aspecto mais importante no Essai no campo do valor e teoria dos preços é a sua busca por regras e fórmulas que podem explicar a relação "normal" entre o valor ou o preço de vários bens, concentrando-se nas forças e mecanismos consistentes em restaurar a normalidade destas relações.
Mais importante ainda foi Cantillon nomear e descrever um conceito para o qual não exista um termo no mundo porque Cantillon dominava diversas línguas fluentemente. Sua concepção de custo como o sacrifício de terra e trabalho é muito mais avançada do que a teoria da terra e do valor dos fisiocratas, ou a teoria do custo e do valor-trabalho dos economistas clássicos, entre eles, claramente, Adam Smith. Mas Cantillon tinha uma compreensão muito mais rica de custos do que uma simples medida da quantidade de terra e trabalho que entram em produção.
Cantillon ressaltou dois conceitos importantes no Essai que fornecem maior profundidade à sua concepção de custo. Primeiro, ele via todos os recursos como heterogêneos. Cada pedaço de terra era de uma qualidade diferente, e cada trabalhador também de uma qualidade diferente. Ou seja, antecipou elementos importantes da Teoria do Capital Austríaca esboçada por Menger e desenvolvida por Böhm-Bawerk. Por isso, enquanto o valor intrínseco era uma medida de custo, não era possível simplesmente contar o número de horas e acres, exceto de um modo abstrato ou em ilustrações simples. Na verdade, depois de estabelecer uma teoria preliminar da terra e trabalho de valor na primeira parte, ele observa, no início da segunda parte, que para determinadas mercadorias na economia real, é impossível fixar os seus respectivos valores intrínsecos.
O outro conceito que ele ressaltou foi o uso alternativo de recursos. A terra poderia ser usada para o cultivo de milho ou para fornecer feno para os cavalos. E o trabalho poderia ser realizado na fazenda ou treinado em um ofício. Cantillon viu claramente que quando um proprietário escolhe possuir mais cavalos, ele está abrindo mão da produção (e venda) de grãos, e que se a França desejava importar rendas finas, então ela teria que renunciar a uma certa quantidade de vinho produzido em seus vinhedos.
Cantillon entendeu perfeitamente o conceito de custo de oportunidade e seu Essai foi uma tentativa de construir o conceito para explicar escolhas econômicas. A descoberta do custo de oportunidade por este importante precursor da Escola Austríaca marca sem dúvida a origem da teoria econômica.
Outro ponto da teoria de Cantillon a ser ressaltado, especialmente em sua teoria monetária e bancária, é o dos custos de transporte, porque o banqueiro (como o próprio Cantillon) serve como intermediário para reduzir os custos de risco e de transporte de enviar grandes quantidades de dinheiro ao longo de grandes distâncias. Cantillon foi o primeiro economista a aplicar os princípios da economia espacial em um tratado econômico geral. Deu contribuições originais e universais para a economia espacial sobre a natureza de princípios facilmente aplicáveis para os campos da teoria da localização e de preços internacionais.

ENSAYO SOBRE LA NATURALEZA DEL COMERCIO EN GENERAL – RICHARD CANTILLON

ENSAYO SOBRE LA NATURALEZA DEL COMERCIO EN GENERAL – RICHARD CANTILLON

ensayo sobre la naturaleza del comercio en general richard cantillonEssai sur la Nature du Commerce en Général (1733) de Richard Cantillon. 

Nació en Irlanda (1680 – 1734?).
Las causas de su muerte se atribuyen a un fuego en su residencia.
Existen diversas teorías sobre su muerte: unos dicen que fue asesinado por su cocinero, otros que intento fingir su muerte para escapar de sus deudas.
Fue uno de los economistas más importantes debido a su influencia sobre posteriores economistas.
Según Henry Hicks la obra de Cantillon es “un producto cultural tan valioso como el descubrimiento de la circulación (sanguínea) por Harvey“.
El apéndice al que se refiere en muchas ocasiones en su ensayo no fue encontrado, por lo que hay muchas cuestiones que quedan sin explicación.
El ensayo atribuye un enfoque de cuestiones mercantiles, comerciales, financieras, que es en suma un modo metódico, hasta la fecha inédito, de abordarlas.
PRIMERA PARTE
Introducción general a la Economía Política.
Capítulo I: De la riqueza. “La TIERRA es la fuente o materia de donde se extrae la riqueza, y el trabajo del hombre es la forma de producirla. En sí misma, la riqueza no es otra cosa que los alimentos, las comodidades y las cosas superfluas que hacen agradable la vida“.
Capítulo II: De las sociedades humanas. Independientemente del tipo de sociedad de la que se hable, la propiedad de las tierras pertenecerá a una minoría de personas. El uso que se le debe dar a la tierra es en un primer momento al sustento de quienes la hacen producir y el destino de la parte restante depende del arbitraje del príncipe, propietario…
Capítulo III: De los pueblos. Los colonos o agricultores, independientemente del uso que les den a las tierras, deben residir en sus cercanías. De este modo el tiempo perdido en transporte para ir a producir las tierras se minimiza.
Capítulo IV: De los burgos. Los aldeanos se desplazan a los burgos en los días de mercado en busca de comprar mercancías y vender sus productos. Mediante este procedimiento se reducen los costes y ayudarían a establecer un acuerdo en los precios ya que la oferta y la demanda estarían en un mismo lugar. La grandeza de los burgos dependen del número de colonos y agricultores que trabajan la tierra, del número de artesanos y mercaderes bajo el dominio del burgo y del número de residentes.
Capítulo V: De las ciudades. Los grandes propietarios, ricos hacendados, se pueden permitir el lujo de vivir más lejos de sus tierras junto con otros propietarios y señores de la misma condición, por lo que se congregan en ciudades.
Capítulo VI: De las ciudades capitales. La capital sería la mayor ciudad donde residen los mayores propietarios del país. La residencia del Rey provoca la creación de la ciudad capital, en ella gastan las rentas del Estado.
Capítulo VII: El trabajo de un labrador vale menos que el de un artesano. Un artesano cobrará más caro su bien que un labrador debido a que el artesano ha necesitado cierto tiempo en aprender el oficio, con su respectivo gasto, y el riesgo del mismo.
Capítulo VIII: Los artesanos ganan, unos más, otros menos, según los distintos casos y circunstancias. Los oficios que reclaman más tiempo y llevan consigo riesgo deben ser pagados en una proporción mayor. Comparando un relojero con un herrador.
Capítulo IX: El número de labradores, artesanos y otros, que trabajan en un Estado, guarda relación, naturalmente, con la necesidad que de ellos se tiene. Cuando existe un número excesivo de labradores, artesanos… estos deben abandonar los pueblos, burgos o ciudades en busca de trabajo. Los que permanecen en el pueblo, burgo o ciudad guardan constante proporción con el empleo suficiente para permitirles subsistir.
Capítulo X: El precio y el valor intrínseco de una cosa en general es la medida de la tierra y del trabajo que interviene en su producción. El valor intrínseco de un bien es la medida de la cantidad de tierra y de trabajo que intervienen en su producción, teniendo en cuenta la fertilidad o producto de la tierra, y la calidad del trabajo. En este capítulo aparece una relación demanda-oferta: “Si los campesinos de un Estado siembran más trigo que de ordinario, es decir mucho más de lo que hace falta para el consumo del año, el valor intrínseco y real del trigo corresponderá a la tierra y al trabajo que intervinieron en su producción; pero a causa de esta excesiva abundancia, y existiendo más vendedores que compradores, el precio del trigo en el mercado descenderá necesariamente por debajo del precio o valor intrínseco. Si, a la inversa, los agricultores siembran menos trigo del necesario para el consumo, habrá más compradores que vendedores, y el precio del trigo en el mercado se elevará por encima de su valor intrínseco“.
Capítulo XI: De la paridad o relación entre el valor de la tierra y el valor del trabajo. El dinero o la moneda, que encuentra en el cambio las proporciones de valor, es la medida más acertada para juzgar la paridad entre la tierra y el trabajo, dependiendo de la relación que uno y otro tienen en diferentes países, varía dicha paridad según una mayor o menor cantidad de producto de la tierra que se atribuye a los que trabajan. “Por ejemplo, si un hombre gana una onza de plata, diariamente, con su trabajo, y otro no gana más que media onza en el mismo lugar, se puede concluir que el primero tiene disponible el doble de producto de la tierra que el segundo”.
Capítulo XII: Todas las clases y todos los hombres de un Estado subsisten o se enriquecen a costa de los propietarios de tierras. En este capítulo se menciona por primera vez en la historia el término empresario: “Sólo el príncipe y los propietarios de las tierras viven con independencia; todas las demás clases y todos los habitantes están contratados o son empresarios“. Si el príncipe no dejara trabajar a nadie en sus tierras, no habría alimento para ningún habitante del Estado; por lo que los habitantes subsisten gracias a los propietarios de las fincas. Los empresarios que viven del comercio exterior no dependen de los propietarios de tierras.
Capítulo XIII: La circulación y el trueque de bienes y mercaderías, lo mismo que su producción, se realiza en Europa por empresarios a riesgo suyo. Mucha gente de las ciudades se convierten en empresarios o comerciantes. Estas personas compran mercancías del campo a un precio cierto y quieren revenderlos en los burgos o ciudades a un precio incierto. De esta manera los empresarios gozan de unos ingresos inciertos y la gente asalariada de unos ingresos ciertos.
Capítulo XIV: Las fantasías, modos y maneras de vivir del príncipe, y en particular de los propietarios de las tierras, determinan los usos a que esas tierras se destinan en un Estado, y causan, en el mercado, las variaciones de los precios de todas las cosas. Según los caprichos o fantasías de los propietarios de tierras estos determinarán el empleo que se da a la tierra, y con ello ocasionan las variaciones del consumo que son causa de las de los precios en el mercado.
Capítulo XV: La multiplicación y el descenso en el número de habitantes de un Estado dependen principalmente de la voluntad, de los modos y maneras de vivir de los terratenientes. Si todas las tierras disponibles se destinaran exclusivamente para el sustento de los hombres, estos se multiplicarían hasta la cifra que esas tierras podrían sustentar. Se debe de tener un especial cuidado con la balanza comercial de los Estados, ya que una situación donde se exporta producto de la tierra y se importan productos no igualmente valiosos, provocaría una disminución en el número de habitantes del Estado. “Me parece así bastante claro que el número de habitantes de un Estado dependa de los medios a ellos asignados para su sustento; y como los medios de subsistencia dependen del método de cultivar la tierra, y el uso de ésta depende, a su vez, de la voluntad, del gusto y del género de vida de los propietarios de la misma, es evidente que de ellos depende la multiplicación o decrecimiento de la población de los países“.
Capítulo XVI: Cuanto más trabajo hay en un Estado tanto más rico se considera, naturalmente. El punto que parece determinar la grandeza relativa de los Estados es la acumulación de reservas que poseen para servirles en años estériles y en los de guerra. Las reservas se pueden entender como oro y plata, ya que estos pueden comprar siempre telas, vino, trigo… Por lo que si se exporta trigo, vino… y se atrae oro y plata, permitirá enriquecer al Estado en detrimento del número de habitantes.
Capítulo XVII: De los metales y de las minas y particularmente del oro y de la plata. El valor intrínseco (o valor real) de los metales, está proporcionado a la tierra y al trabajo necesario para su producción. El valor de los metales en el mercado puede ser superior, igual o inferior al valor intrínseco, varía en su abundancia o escasez, según el consumo que de ellos se hace. El oro y la plata se usa como moneda de cambio ya que reúnen ciertas características como: de calidad homogénea, son de pequeño volumen por lo que resulta fáciles de transportar, se pueden subdividir, son duraderos (adecuados para su conservación), hermosos y brillantes. Las naciones usan el oro y la plata no por capricho ni mutuo consenso, sino más bien por su utilidad y la necesidad que les han inducido a ello. Es importante que la moneda corresponda en valor intrínseco en el precio de la tierra y del trabajo, a las cosas que a cambio de ella se reciben.
SEGUNDA PARTE
Aborda cuestiones monetarias: truque, precio, circulación de la moneda, interés…
Capítulo I: Del trueque. Locke manifiesta que el valor de todas las cosas está proporcionado a su abundancia o a su rareza, y a la abundancia o rareza del dinero contra el cual se cambian. Según Cantillon, la idea de Locke es correcta si solamente se tiene en cuenta en un solo mercado, pero si queremos hacer una venta parcial en otro mercado, sería incorrecta. Las mercancías que se transportan para ser vendidas en otros mercados no influyen sobre el precio de las retenidas en el mercado (el precio de mercado se sostendrá  si existen más mercados).
Capítulo II: De los precios de los mercados. La cantidad de bienes ofrecidas en venta, proporcionada al número de compradores (demanda), es la base sobre la cual se pretende fijar los precios actuales en los mercados, estos tendrán un valor muy similar al valor intrínseco. Si un producto aumenta su precio en el mercado, también aumentará su precio en los mercados colindantes.
Capítulo III: De la circulación del dinero. Cuando más grande sea la propiedad del colono, más próspero será este. Las tres rentas del colono como el móvil primordial de la circulación en el Estado. La primera renta debe ser para el propietario, la segunda y la tercera renta se emplean para adquirir en la ciudad lo que en el campo se consume. En cuanto a la manutención del individuo, no hace falta dinero efectivo para obtenerlo. La proporción cuantitativa de dinero en efectivo necesaria para la circulación de un Estado depende del ritmo que siga y la velocidad de los pagos. “El dinero contante necesario para asegurar la circulación y el cambio en un Estado, es casi igual, en valor, al tercio de las rentas anuales de los propietarios de las tierras“. Cuando el mismo dinero pasa por las manos de varios empresarios, se reduce la velocidad de circulación.
Capítulo IV: Nueva reflexión acerca de la lentitud de la circulación del dinero en el cambio. Todos los trueques que se hacen por evaluación no exigen dinero contante. Si dos personas intercambian productos, todo ello al precio vigente en el mercado, el día de la entrega no hará falta entre estas dos personas más dinero que la suma necesaria para pagar la diferencia de los que uno de ellos ha suministrado de más. “La circulación de la moneda en las ciudades se lleva a cabo por los empresarios, y corresponde siempre, en forma directa o indirecta, a la subsistencia de los criados, obreros…“.
Capítulo V: De la desigualdad de la circulación del dinero. Todas las zonas rurales de un reino son deudoras de un saldo constante a la capital, tanto por la renta de los propietarios principales que en ellas residen, como por los impuestos del Estado mismo, o de la Corona, la mayor parte de los cuales se consumen en la capital. Los productos y mercaderías serán más caros en la capital que en las provincias, debido a que hay más saldo en la capital. Los empresarios compraran producto en las provincias y los venderán en la capital.
Capítulo VI: Del aumento y de la disminución de la cantidad de dinero efectivo en un Estado. “Si en un Estado se descubren minas de oro o de plata, y de ellas se extraen cantidades considerables de mineral, el propietario de estas minas, los empresarios y todos cuantos trabajan en ellas no dejarán de aumentar sus gastos en proporción a las riquezas y a los beneficios que obtengan; además, prestarán a interés las sumas de dinero remanente después de disponer de los necesario para sus gastos“. Un aumento de dinero en efectivo, aumentará el consumo en el Estado y con ello los precios. Un aumento considerable de dinero, originado en las minas, aumenta el consumo, y, disminuye el número de los habitantes, provoca un gasto mucho mayor entre los que se quedan.
Capítulo VII: Continuación del mismo tema del aumento y de la disminución de la cantidad de dinero en un Estado. Cuando se introduce doble cantidad de dinero en un Estado no siempre se duplica el precio de los productos y mercaderías. La proporción de carestía que el aumento y la cantidad de dinero introducen en un Estado dependerá del rumbo que este dinero imprima al consumo y a la circulación. Pero la carestía originada por ese incremento de dinero no se distribuye por igual entre todas las especies de productos y mercaderías, proporcionalmente a la cantidad de dinero incrementado, a menos que dicho incremento penetre por los mismos canales de circulación que el dinero primitivo.
Capítulo VIII: Otra reflexión sobre el aumento y sobre la disminución de la cantidad de dinero efectivo en un Estado. La excesiva abundancia de dinero, mientras dura, asegura la potencia de los Estados, pero luego los sume en la pobreza, de un modo duro aunque natural. Un Estado que posee más dinero que sus vecinos, mientras mantiene esa abundancia tiene ventaja sobre ellos. Por lo que cuando un Estado se extiende mediante el comercio y la abundancia de dinero, el poder legislativo debe retirar dinero de la circulación y guardarlo para imprevistos. Los ingresos en un Estado donde abunda el dinero aumentan con más facilidad.
Capítulo IX: Del interés del dinero y de sus causas. “el interés del dinero en un Estado se determina por la proporción numérica entre prestamistas y prestatarios“. Los prestamistas corren un riesgo dependiendo si le prestan a una persona honorable o a otra que no lo sea. Los prestamistas solo prestarán cuando tengan un buena opinión del prestatario y exigirán un interés o beneficio de entre un veinte o treinta por ciento del valor del préstamo. Por lo que las operaciones de este tipo dependen de los temores del prestamista y de las necesidades del prestatario.
Capítulo X y último: De las causas del aumento y de la disminución del interés del dinero en un Estado. “Es idea común y admitida por cuantos han escrito sobre el comercio que el aumento de la cantidad de dinero efectivo en un Estado disminuye el precio del interés, porque cuando el dinero abunda es más fácil encontrar alguien que lo preste“. La abundancia o escasez de dinero en un Estado eleva o rebaja los precios de todas las cosas en las transacciones, sin que exista ningún nexo necesario con la tasa de interés, que puede ser muy bien elevada en los Estados donde existe abundancia de dinero y baja en aquellos otros donde el dinero es más raro.
TERCERA PARTE
Comercio exterior y de la Banca.
Capítulo I: Del comercio con el extranjero. Cuando nuestro Estado cambia una pequeña cantidad de productos de la tierra por una cantidad mayor de otro Estado, nuestro Estado obtendrá ventaja en el comercio. El dinero abundará más en nuestro propio Estado. Si París debe dinero a Bruselas y este le debe la misma cantidad a París, no hará falta remesar el dinero, se compensará mediante las letras de cambio. La exportación de manufacturas es bueno para el Estado, ya que los países importadores están sustentando al obrero útil de nuestro Estado. El aumento de la cantidad de dinero que circula en un Estado provoca grandes ventajas en el comercio, pero si en un largo plazo continua aumentando, se encarecerá la tierra y el trabajo del Estado. A un Estado le interesa enviar sus manufacturas con sus propias naves, de este modo se fortifica nuestra marina. Si se emplean las naves de otro Estado se fortifica su marina en detrimento de la nuestra.
Capítulo II: De los cambios y su naturaleza. Cantillon comenta en el capítulo I de la tercera parte el sistema de letras de cambio, gracias a ellas el dinero no tiene porque estar enviándose de ciudad en ciudad y “se ahorra el trabajo de enviar dinero de una ciudad a otra“. Si existe un tráfico excesivo, se crearán banqueros en las ciudades y estos harán de intermediarios. Los tipos de cambio cotizan a los gastos y riesgos del transporte de las especies en los diferentes casos. En todas las ciudades que tienen la misma moneda y las mismas especies de oro y plata se expresa el precio del cambio dando y tomando un determinado tanto por ciento de más o de menos que la par.
Capítulo III: Otras explicaciones para el conocimiento de la naturaleza de los cambios. Los banqueros denominan especulaciones a variaciones de los tipos de cambio durante poco tiempo, independientemente del balance del comercio. Estas especulaciones pueden hacer retrasar el transporte de las sumas que un Estado debe a otro. Los cambios se elevan más o menos por encima de la par, en proporción de los gastos, de los riesgos del transporte del dinero y en las ciudades o Estados donde existe prohibición de transportar dinero fuera del Estado, que en aquellos otros donde el transporte es libre.
Capítulo IV: De las variaciones en la proporción de valores, con respecto a los metales que sirven como moneda. “Para juzgar acerca de la proporción entre el oro y la plata, lo único decisivo es el precio del mercado; el número de los que tienen necesidad de un metal, es lo que determina el precio“.
Capítulo V: Del aumento y de la disminución de valor de las especies amonedadas en denominación determinada. Las dificultades en los tipos de cambio en los tiempos y operaciones provocan alteraciones en los precios de los bienes y en el interés del dinero, que no puede tomarse como una regla en los principios de la circulación y de los tratos. “El cambio de valor numerario de la moneda ha resultado en todas las épocas como efecto de algún desastre o escasez en el Estado, o de la ambición de algún príncipe o particular“.
Capítulo VI: De los bancos y su crédito. Los banqueros nacen para guardar de forma segura el dinero sobrante de los señores. Con estos depósitos el banquero puede hacer negocio prestando parte de este dinero. “Las sumas de dinero que un banquero puede prestar con interés están naturalmente proporcionadas a las prácticas y modos de operar de sus clientes“.
Capítulo VII: Nuevos esclarecimientos e investigaciones sobre la utilidad de un Banco nacional. Un banco nacional perjudica más que favorece cuando el dinero circula con mayor abundancia entre sus vecinos. La abundancia de dinero ficticia provoca la misma desventaja que un aumento del dinero real en circulación, aumentando el precio de la tierra y del trabajo. Esta abundancia se desvanece al primer síntoma de descrédito y se precipita el desorden. Cuando un Estado no está endeudado, la ayuda de un Banco es menos necesaria.
Capítulo VIII: De los refinamientos del crédito de los Bancos generales. Cuando se provoca algún colapso en alguna compañía y tan pronto se conoce por el público, los tenedores de billetes solicitaran su dinero al Banco, la bomba explotaría. Pero si gentes acaudaladas y poderosas cubren las suscripciones, cesaría la afluencia a los Bancos y los depósitos se reanudarían en la forma normal.